Quando o futebol sai do palco e entra na cidade
- 11 de dez.
- 3 min de leitura
Nem todo jogo nasce para lotar estádio. Alguns nascem para lembrar o que realmente sustenta uma cidade em pé. No próximo domingo, 14 de dezembro, Porto Alegre vai receber um desses jogos que não cabem só no placar.
Na Sede Campestre do SESC, ex-jogadores da Dupla Gre-Nal entram em campo para enfrentar quem costuma trabalhar enquanto todo mundo descansa: os profissionais da limpeza urbana. De um lado, Amigos de Dunga e Tinga. Do outro, os Heróis da Cidade.
Não é evento de marketing. Não é ação simbólica. É futebol usado do jeito certo: para aproximar, valorizar e reconhecer.

Um jogo que nasce da convivência, não do calendário
A ideia surgiu longe dos refletores. Nasceu de uma conversa, de um trabalho feito junto à Cootravipa, cooperativa responsável por parte da coleta e da varrição de Porto Alegre. Quem já parou para conversar com quem varre a rua sabe: ali tem história, tem esforço e tem uma rotina pesada que quase nunca é vista.
O Tinga resume isso de forma simples:
“Sem eles, qualquer cidade para.”
E é verdade. Basta imaginar um dia sem coleta de lixo, sem varrição, sem cuidado com os espaços públicos. A cidade trava. A vida trava.
Esse jogo nasce exatamente desse entendimento: valorizar quem mantém Porto Alegre funcionando quando ninguém está olhando.

A aposta diz muito sobre o que esse encontro representa
O jogo tem aposta, sim. Mas não daquelas vazias. Se os ex-jogadores vencerem, os trabalhadores da limpeza urbana assam um churrasco para o time. se os garis vencerem, os ex-atletas assumem a limpeza da Orla do Guaíba na segunda-feira seguinte.
E não é qualquer segunda. É a segunda-feira depois de um final de semana movimentado, quando a Orla exige ainda mais esforço de quem trabalha ali todos os dias. Essa aposta não é brincadeira. É respeito. É colocar o corpo onde normalmente só existe discurso.
O futebol como ponto de encontro
O time dos Amigos de Dunga e Tinga reúne nomes que marcaram gerações. Jogadores que vestiram camisas diferentes, mas que agora entram em campo pelo mesmo motivo.
O técnico é Celso Roth, o que já diz bastante sobre o estilo do time. A escalação começa pela defesa, com nomes como Índio, Pedro Geromel, Hugo De León, entre outros. No meio-campo, volantes que sabem o peso da palavra “trabalho”: Tinga, Dunga, Lucas Leiva, Magrão.
No ataque, a lista ainda cresce. A janela segue aberta, como o próprio Tinga brinca. Mas, nesse jogo, o placar importa menos do que o que acontece fora das quatro linhas. Do outro lado, não tem uniforme famoso, nem contrato milionário. Tem gente que acorda cedo, que conhece a cidade por outro ângulo e que entende o que é esforço coletivo.
Entrada simples, impacto real
A entrada será 1kg de alimento não perecível, tudo arrecadado será destinado aos cooperativados da Cootravipa. Não tem ingresso caro.
Não tem exclusividade. Tem comunidade.
Esse jogo importa?
SIM, ele muda o foco, ele tira o futebol do pedestal e coloca no chão. Ele lembra que cidade não é só prédio, evento e turismo. Cidade é gente.
Esse jogo não resolve todos os problemas. Não romantiza a dificuldade. Não transforma esforço em espetáculo. Mas faz algo fundamental: olha nos olhos e reconhece. E isso, hoje, já é muita coisa.
Sede Campestre do SESC Porto Alegre Domingo, 14 de dezembro de 2025 10h Entrada: 1kg de alimento não perecível
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