Herdeiros de uma Fé Viva
- 2 de nov.
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A Reforma Protestante foi um dos acontecimentos mais marcantes da história. Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, um monge e professor de teologia na Alemanha, fixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. Ele não imaginava que aquele simples ato de protesto contra a venda de indulgências — o comércio de perdão dos pecados — se tornaria o ponto de partida de uma grande transformação espiritual e cultural.
Em pouco tempo, suas ideias se espalharam pela Europa, questionando as práticas da Igreja e chamando o povo de volta ao ensino bíblico sobre arrependimento e salvação. A partir dali, o cristianismo passaria por uma renovação profunda, que impactou não apenas a fé, mas também a educação, a política e a cultura de toda uma geração.

Os fundamentos da Reforma
O movimento reformado se baseou em cinco princípios fundamentais — os Cinco Solas, que resumem a essência da fé cristã bíblica:
Sola Scriptura – Somente a Escritura é a autoridade máxima em matéria de fé e prática.
Solus Christus – Somente Cristo é o mediador entre Deus e os homens.
Sola Gratia – A salvação é um dom gratuito da graça de Deus, não algo que se compra ou conquista.
Sola Fide – Somos justificados apenas pela fé, e não por obras.
Soli Deo Gloria – Toda glória pertence unicamente a Deus.
Esses princípios formaram a base da fé reformada e transformaram a maneira como os cristãos viviam, trabalhavam e se relacionavam com o mundo.
De Lutero a Calvino: o avanço da fé reformada
Depois de Lutero, o francês João Calvino (1509–1564) deu forma teológica e prática à Reforma em Genebra. Ele destacou a soberania de Deus, a importância da pregação fiel da Palavra e uma vida cristã marcada pela obediência e disciplina.Seu ensino influenciou toda a Europa, chegando à Escócia por meio de João Knox, que organizou as primeiras igrejas presbiterianas — comunidades governadas por presbíteros eleitos, com liderança compartilhada e submissão à Bíblia.
Esse modelo simples e bíblico de governo se espalhou para outros países, alcançando inclusive o Brasil, no século 19, por meio do missionário Ashbel Green Simonton, que fundou igrejas, escolas e jornais. A ênfase reformada na educação fez com que a leitura da Bíblia se tornasse um valor central, fortalecendo o ensino e a formação espiritual e intelectual dos cristãos brasileiros.
Um legado que continua vivo
Ser herdeiro da fé reformada hoje é carregar a responsabilidade de viver uma fé equilibrada — que une razão, piedade e compromisso com a verdade. É afirmar a autoridade da Bíblia num mundo cheio de opiniões, manter Cristo no centro de tudo e viver cada dia como resposta à graça de Deus.
O legado da Reforma também nos lembra que a fé não é fuga, mas transformação. Somos chamados a ser sal e luz, a viver de forma que cada atitude glorifique a Deus.
Mais do que uma lembrança histórica, o Dia da Reforma é um convite à reflexão: nossa fé continua viva? Estamos realmente vivendo para a glória de Deus em tudo o que fazemos?
A Reforma do século 16 não terminou — ela continua em cada coração que se volta para a Palavra e decide viver pela graça, pela fé e para a glória de Deus.